Filme Parasita uma análise sem spoiler e sem preconceito
Eu estava doida para assistir Parasita e minha vontade
aumentou depois que o filme ganhou 6 Oscars, sendo um Oscar inédito de Melhor Filme,
mesmo sendo um filme estrangeiro, me vi na obrigação de assistir. Aqui na minha
cidade, Bauru, nem sempre os melhores filmes chegam, não por falta de salas de
cinema, mas sim porque exibem os filmes mais comerciais. Depois de tantos
prêmios, Parasita chegou aqui também.
É bem difícil falar sobre Parasita sem cair nos spoilers, e
na maioria das críticas que eu li, os spoilers estavam lá, mas vou segurar a
onda.
Outra coisa, tem muita gente entendendo que Parasita é sobre uma luta de classes,
sobre ricos contra pobres e vice-versa, mas se você olhar atentamente e sem preconceitos,
o filme não tem heróis e nem bandidos, não é uma luta do bem contra o mal e não
prega nenhuma noção de moral. É um filme sobre pessoas e pessoas que muitas
vezes perdem os escrúpulos quando se vêm diante de determinadas situações.
Resenha
Uma família coreana, Ki-taek,
vive em grandes dificuldades financeiras, pois os pais e os dois filhos estão
desempregados e vivem de bicos, dobrando caixas de pizza para uma pizzaria.
Eles moram em um porão, cuja entrada de luz se dá por
janelas que beiram o chão da rua.
Um dia surge a oportunidade do filho dar aulas de inglês
para a filha adolescente de uma família muito rica, a família Park. A casa
desta família é maravilhosa, possui uma arquitetura muito peculiar, desenhada
por um arquiteto famoso, Namgoong Hyeonja. A
sala tem uma janela de vidro que dá para um jardim por onde entra muito sol.
Quando o rapaz, Ki-Woo, se vê infiltrado no ambiente
familiar, ele vai trazendo os membros de sua família para trabalhar lá dentro,
mas esconde que eles são parentes, da mesma forma que ele também mente sobre a
sua formação se dizendo universitário.
Para ter uma oportunidade na vida, a família Ki-taek não tem nenhum escrúpulo de provocar a demissão
dos funcionários que trabalhavam na casa. Eles simplesmente fazem o que julgam
necessário para ter empregos e garantir a sobrevivência.
Esta rede de mentiras e uma pitada de preconceito por parte
do Sr. Park, é que dão o tom do filme.
Porque assistir
Parasita é um
filme inovador e tem um roteiro muito bem escrito. Você sabe que aquela rede de
mentiras e tramoias não pode dar certo e que mais hora, menos hora, vai
desmoronar, mas ninguém consegue prever o final e como tudo cai por terra.
Eu não sei se daria o Oscar de Melhor Filme para Parasita, que recebeu também o merecidíssimo
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, pois gostei demais de Era Uma Vez Em Hollywood, do Tarantino, outro filme muito inovador
com um final inesperado, mas o filme é realmente muito bom.
O filme acaba, mas não acaba em você de imediato, é um filme
para sair do cinema e continuar pensado a respeito.
Preste atenção
Preste atenção na complexidade dos personagens.
Veja como a família Ki-taek
começa a sonhar quando antevê a possibilidade do seu filho se envolver a com
afilha da família rica.
No preconceito velado do Sr. Park para com o Sr. Ki-taek e o seu cheiro, uma coisa que parece
ser tão boba, que muito de nós temos e que pode ofender muito, magoar muito.
Dois personagem me enterneceram: A Sra. Park e o Sr. Ki-taek.
O senhor Ki-taek
é de uma humildade que deixa de ser respeitosa e passa a ser apavorada. Ele tem
medo de perder o emprego e aceita que sua condição é inferior.
A senhora Park é uma pessoa tão crédula, tão sem maldade,
que não consegue perceber que o mal está acontecendo a sua volta, pois só
percebemos o mal quando o vivenciamos e ela nunca tinha vivenciado antes que
aquela família se inserisse no meio da sua.
Cenários
Os cenários foram todos construídos e aquela casa
maravilhosa, supostamente construída pelo arquiteto Namgoong Hyeonja
foi feita, só o andar térreo, em um terreno amplo, para a filmagem. Os quartos,
que ficam no piso superior, foram filmados em estúdio.
Detalhe, não adianta procurar no Google pelo arquiteto Namgoong Hyeonja, ele é uma ficção.
Mesmo a vila onde a família Ki-taek
vive em seu porão, é cenográfica, e foi toda pensada para o andamento do
roteiro do filme.
O filme Parasita
obriga a gente a pensar na natureza humana, em destino ou na falta dele e até
que ponto somos honestos ou não diante da necessidade.
O mundo não é justo, independentemente de você ser rico ou
pobre. No final do filme me lembrei da frase de Shakespeare:
“A
vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido
algum”.
Estou com muita vontade de ver, mas vou esperar chegar na Netflix ou Telecine.
ResponderExcluircobaiaamiga.com
Vou tentar ver alguns do Oscar neste Carnaval. Já viajei e cheguei hoje, então agora é ficar curtindo em casa.
ResponderExcluirAno passado assisti todos.
Boa resenha você fez.
blogjoturquezzamundial
Beijos.