Edward Hopper o pintor do isolamento social e da solidão
Isolamento social é um nome bonito para solidão e é isto que
estamos vivendo nesta pandemia, daí Edward Hopper, um pintor que retratou a
solidão norte-americana, nos anos 30, 40 e 50, nunca esteve tão atual.
Mas afinal quem é Edward Hopper? É um pintor realista (1882
- 1967), que se destacou numa época em que o realismo estava em baixa, pois as
escolas de pintura em voga na época eram o cubismo e o expressionismo, mas
Edward Hopper, mais do que realista, ele escolheu um único tema para sua arte:
a solidão.
Em seus quadros, mesmo que as pessoas estejam juntas, elas
estão sozinhas, trancadas em si mesmas.
Ele retrata cena banais, mas com uma luz toda própria e em
situações que chocam pelo imenso vazio que transmitem.
Sua obra toda se resume em 366 telas e com certeza, mesmo
que você não tenha nenhuma ideia de quem seja Edward Hopper, já viu algumas de
suas pinturas mais famosos por aí.
Ele era casado com Josephine Nivison, também pintora, e ela
foi muito famosa antes de se casar com ele, mas a carreira dela entrou em
declínio quando a carreira dele começou a subir.
O casal não se dava muito bem, mas nunca se separaram e
Josephine foi sua musa inspiradora, sendo que ela aparece retratada nas suas
pinturas mais importantes.
Morning Sun
Eu usei esta pintura para ilustrar o post sobre a pandemia e seus reflexos no nosso dia a
dia, pois achei que Edward Hopper representava bem o isolamento que estamos
enfrentando, tomando sol em nossos quartos em lugar de irmos à praia ou mesmo a
um parque. O que eu não parei para pensar é que não apenas eu estava e estou
associando Edward Hopper a atual situação de pandemia que estamos vivendo, e
fiquei surpresa quando as pessoas começaram a comentar sobre o quadro, em um
comentário aqui no blog, em comentários no instagram e também via whatsapp.
Fui pesquisar mais sobre Hopper e vi que outras pessoas já
estavam fazendo esta associação das telas de Edward Hopper com o isolamento
social.
A modelo deste quadro é a esposa do pintor.
Nighthawks
Este é um dos quadros mais famosos de Edward Hopper.
Traduzindo literalmente o nome seria Falcões da Noite, mas é mais conhecido
como Aves Noturnas.
Edward Hopper trabalha com cores contrastantes neste quadro,
como o verde com vermelho, o azul com o amarelo. A cena retrata um fim de
noite, aquele momento em que as pessoas já foram para casa e os últimos
fregueses ainda se encontram em uma lanchonete muito iluminada. Note que as
pessoas não se comunicam entre si e mesmo o casal está apenas lado a lado, mas
não pode se dizer que estejam realmente juntos.
O único personagem que parece interage com outros seres
humanos é o balconista, que está no interior do balcão.
É a solidão de uma cidade que já dorme e a presença destas
quatro pessoas na lanchonete só confirma isso.
Ridley Scott levava uma reprodução desta pintura com ele
quando filmou o primeiro Blade Runner
e ele tomou como inspiração as cores e os vazios desta tela para filmar, pois
quis passar a mesma sensação de solidão de Nighthawks em seu filme Blade
Runner.
Muitos outros filmes também usaram as pinturas de Edward
Hopper como inspiração para seus cenários e iluminação.
Posto de Gasolina
A cena mostra o anoitecer, aquela hora em que o frentista
está desligando as bombas de gasolina, pois o posto vai fechar.
Note que o posto fica numa estrada secundária que parece
levar para dentro de uma mata ou um reflorestamento.
O empregado está só, o dia está acabando e ninguém mais vai
precisar de seus serviços.
New York Movie
O filme está passando na tela e a lanterninha se encontra alheia,
encostada em uma parede. Ela já não se interessa mais pelo filme, pois já deve
ter assistido inúmeras vezes.
Embora existam pessoas na sala do cinema, a lanterninha está
só e parece alheia ao que se passa a sua volta, pois está mergulhada em seus
próprios pensamentos.
A modelo é a sua esposa Josephine, mas ela foi remoçada na
pintura, pois, nesta época, ela era bem mais velha.
Mais uma tela com cores contrastantes e de colorismo
intenso.
Summer Evening
O casal de namorados está de férias, mas parecem cansados,
desconectados, quase que alheios um ao outro.
É noite e dá para saber que estão de férias e que é verão
pelas roupas que estão usando, principalmente pelas roupas dela.
A noite envolve a terra e a luz da varanda a transforma em
um aquário que parece isolar a casa do mundo onde se encontra.
Automatic
Em um cafeteria, uma mulher bem vestida, maquiada, toma um
café sozinha com os seus pensamentos. É noite, mas que hora da noite? Ela
terminou o seu trabalho e parou em uma cafeteria antes de voltar para casa?
Note que ela está usando apenas uma luva, o que indica que
ela pretende sair logo dali e seguir seu caminho.
A modelo é sua esposa.
Night Windows
Uma típica cena noturna de cidade grande. Quem nunca
observou o que se passa nas janelas dos prédios vizinhos ao seu? Quem nunca se
perguntou o que as pessoas estariam fazendo num momento em que tanto o
observador quando a observada estão sós.
Note a iluminação intensa no quarto, a janela aberta com a
cortina balançando ao vento.
São 366 telas de Edward Hopper e eu escolhi algumas que eu
gosto muito, mas não diria que são as que eu mais gosto, pois gosto de
praticamente tudo que Edward Hopper pintou.
Todas essas telas poderiam ter sido pintadas no início da
pandemia quando o isolamento social era mais intenso, não acha?
Gostei muito do tema e das telas escolhidas... Lindas e retratam bem a solidão> Pobre esposa, rs...beijos, chica
ResponderExcluirNão conhecia esse artista e fico triste pela história dessa esposa.
ResponderExcluirbig beijos
www.luluonthesky.com
Oi Betty... não conhecia este artista, gostei demais de suas telas, o mais impressionantes é essa visão dos detalhes, do simples, dos momentos que achamos não ser importantes. Muito bom!
ResponderExcluirBeijosss!!!